Resumo: Neste artigo, exploramos como a inteligência artificial (IA) está sendo incorporada na prática da endoscopia e colonoscopia para melhorar a detecção e prevenção do câncer, especialmente o câncer colorretal (intestino e reto). Dr. Ivan David Arciniegas, um líder no campo da endoscopia, compartilha insights sobre o impacto da IA na precisão diagnóstica e comenta as diretrizes de rastreamento de câncer colorretal.
Dr. Ivan David Arciniegas
Dr. Davi possui uma carreira distinta marcada por um compromisso com a inovação e excelência em gastroenterologia. Após uma especialização em Endoscopia Digestiva Avançada na Alemanha e estudos recentes no Japão sobre o uso da IA em endoscopia, ele lidera o serviço de Endoscopia no Hospital Mãe de Deus em Porto Alegre RS.
Revolução na Gastroenterologia: O Impacto da IA na Precisão Diagnóstica
Primeiro, vamos entender quem precisa fazer colonoscopia e, em seguida, explorar como a inteligência artificial está transformando esse procedimento.
Quem Precisa Fazer Colonoscopia?
Segundo Dr. Davi,
“Todas as pessoas acima dos 45 anos deveriam realizar uma colonoscopia para rastreamento de câncer colorretal, conforme indicam as principais sociedades médicas, incluindo a americana e as europeias, refletindo um consenso global sobre a importância do diagnóstico precoce.”
Esta recomendação vem em resposta a uma tendência de prevenção e diagnóstico precoce, que pode salvar vidas através da detecção e remoção de pólipos pré-malignos antes que eles evoluam para câncer. Em nosso Check-Up Avançado, estamos atentos a isso, garantindo que nossos pacientes recebam as melhores e mais atuais práticas de rastreamento e prevenção.
Rastreamento de Câncer Colorretal em Pessoas com Histórico Familiar
Para pessoas com histórico familiar de câncer colorretal (CRC), especialmente quando um parente de primeiro grau foi diagnosticado em idade jovem, as diretrizes atuais recomendam:
- Início do Rastreamento: 10 anos antes da idade do diagnóstico do parente mais jovem ou aos 40 anos, o que ocorrer primeiro.
- Frequência do Rastreamento: Colonoscopia a cada 5 anos para aqueles com histórico de adenoma avançado ou câncer colorretal em um parente de primeiro grau diagnosticado antes dos 60 anos, ou com dois parentes de primeiro grau com esses achados em qualquer idade.
- Risco Médio: Para indivíduos com um único parente de primeiro grau diagnosticado com câncer colorretal ou um adenoma avançado aos 60 anos ou mais, as opções de rastreamento para risco médio podem começar aos 40 anos.
Em um bom Check-up essas diretrizes devem ser seguidas para garantir a melhor prevenção e diagnóstico precoce possíveis. É preciso avaliar a História Familiar detalhada para um Rastreamento Personalizado – baseado em risco individual de cada paciente, não em um risco universal.
A Tendência para Redução da Idade no Rastreamento
Ao ser questionado sobre a possibilidade de redução na idade de rastreamento, o especialista menciona que:
“…estamos detectando lesões em pacientes mais jovens, o que, junto ao aumento de fatores de risco, nos faz pensar em antecipar o rastreamento para antes dos 45 anos.”
“A IA está nos ajudando a identificar essas lesões com maior precisão, o que poderia justificar uma revisão das idades recomendadas.”
Dr. Davi acredita que em breve o rastreamento poderá começar ainda mais cedo, por volta dos 40 anos.
Prevenção e Diagnóstico Precoce
Dr. Davi enfatiza que a colonoscopia não só detecta câncer, mas também lesões pré-malignas como pólipos, que podem ser removidos antes de se tornarem cancerosos.
“Com a IA, aumentamos nossa capacidade de detectar essas lesões em estágios ainda mais iniciais, melhorando significativamente as taxas de prevenção.”
E sobre a precisão da IA em comparação com os métodos tradicionais?
“Estudos têm mostrado que a inteligência artificial (IA) pode melhorar significativamente a taxa de detecção de pólipos e outras anomalias. Pela literatura, essa melhoria varia entre 20% e 40% em comparação com os métodos convencionais. Isso significa que a IA está ajudando a identificar mais lesões pré-malignas, o que é crucial para a prevenção do câncer colorretal. Além disso, também serve como uma ferramenta de treinamento valiosa para médicos menos experientes.”
Estudos recentes, como o publicado na prestigiada revista The Lancet em 2024, destacam esses dados. A publicação na The Lancet enfatiza a credibilidade e a importância dessas descobertas, mostrando que a integração da IA na colonoscopia é uma ferramenta poderosa para melhorar a precisão diagnóstica.
Experiência Pioneira no Japão
Dr. Davi, você mencionou sua recente experiência no Japão. Por que escolheu o Japão para estudar IA em endoscopia?
“O Japão é indiscutivelmente líder quando se trata de tecnologia em endoscopia. Durante minha estadia, tive a oportunidade de trabalhar com equipamentos de última geração e aprender diretamente com especialistas que estão na frente deste campo. Empresas como Fujifilm e Olympus, que são pioneiras em tecnologias endoscópicas, estão sediadas lá. A precisão e inovação que observei são impressionantes e trouxe muito do que aprendi para minha prática.”
O Pioneirismo Japonês em Endoscopia e IA
A escolha do Japão como local de estudo não foi coincidência. Este país é conhecido por seu pioneirismo no desenvolvimento e aplicação de tecnologias avançadas, especialmente em campos médicos. A capacidade de integrar IA com dispositivos endoscópicos de maneira eficaz faz do Japão um líder global, estabelecendo padrões que muitos outros países aspiram alcançar.
Impacto da Formação Internacional
Dr. André Mattos: Como suas experiências na Alemanha e no Japão influenciaram sua prática atual?
“Minha formação na Alemanha me deu uma base técnica muito forte, especialmente em endoscopia avançada. Já o Japão abriu meus olhos para o potencial da IA. Combinar essas duas perspectivas me permite abordar a endoscopia não apenas como um procedimento médico, mas como um procedimento assistido por tecnologia que pode oferecer resultados diagnósticos significativamente melhores.”
Inteligência Artificial na Endoscopia
Explorando a vanguarda da tecnologia, Dr. Davi Arciniegas compartilha sua experiência com o uso de inteligência artificial em endoscopia.
“No Japão, vi como a IA está transformando o campo, com softwares ajudando a identificar lesões que talvez passassem despercebidas.”
No Hospital Mãe de Deus, essa tecnologia já está sendo usada sem custo adicional para os pacientes, melhorando significativamente a precisão diagnóstica.
Explicando a Tecnologia
A IA em endoscopia e colonoscopia funciona através de algoritmos avançados que analisam imagens de vídeo em tempo real, identificando características sutis de pólipos e outras lesões pré-malignas que podem ser facilmente perdidas pelo olho humano.
Estudos recentes, como os publicados pelo Journal of Gastroenterology e pela The Lancet, demonstram que a IA pode aumentar a taxa de detecção de lesões em até 40% em comparação com as técnicas tradicionais.
Inteligência Artificial na Prática Clínica
No Hospital Mãe de Deus, a experiência com IA tem sido extremamente positiva.
“Utilizamos a IA para complementar nossa visão durante as colonoscopias, e isso tem ajudado a detectar lesões que anteriormente poderiam não ser identificadas.” explica Dr. Davi.
O Futuro da Colonoscopia com IA
Sobre o futuro, Dr. Davi é otimista:
“A inteligência artificial vai melhorar ainda mais a endoscopia e colonoscopia, mas o julgamento médico continuará essencial.”
Ele vê a IA como uma ferramenta de suporte que muito contribuirá com a experiência e a sensibilidade do especialista.
Conclusão
A inclusão da inteligência artificial na endoscopia e colonoscopia está estabelecendo novos padrões para o cuidado do paciente, com potencial para transformar completamente a medicina e a gastroenterologia.
A pesquisa e a aplicação contínuas prometem não apenas melhorar as taxas de detecção de câncer colorretal, mas também garantir intervenções mais precisas e menos invasivas.
Em um futuro breve, a IA deverá ser tão comum quanto o estetoscópio na prática médica.
Um pouco mais do Dr. Davi
Para quem não sabe, você é equatoriano, fez suas especializações no Brasil, Alemanha e recentemente esteve no Japão. Por que escolheu ficar no Brasil?
“Eu vim para fazer minha residência médica no Brasil após revalidar meu diploma aqui, influenciado diretamente por um familiar, meu pai, que também é médico e se formou no Brasil. Após isso, decidi ganhar mais experiência na Alemanha, que é referência mundial em endoscopia.”
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Sobre o Autor: Dr. André Mattos é médico há mais de 11 anos, dedicado a traduzir a ciência para uma linguagem acessível. Seu objetivo é ajudar você a tomar decisões mais informadas e sustentáveis sobre sua saúde. CREMERS 36904.